Sobre

Mameluca é um experimento, uma opinião. É uma mistura da minha apreciação e obsessão pelo universo do café — que começou em 2013 — com a oportunidade de mostrar para mais pessoas que o café é, antes de tudo, uma fruta.

Sempre tive curiosidade de empreender com algo relacionado ao café. Uma nano-torrefação foi o modelo mais apropriado para o meu estilo de vida atual, comparado a servir café numa cafeteria, onde existiriam muito mais dependências e custos iniciais. Tenho o privilégio de poder dedicar tempo a esse projeto onde a qualidade vem antes do lucro — e entendo que nem todos têm essa oportunidade no Brasil.

Mameluca é também uma oportunidade para mais pessoas conhecerem torras claras de cafés brasileiros. São torras que evoluem com o tempo, geralmente atingindo seu melhor momento entre duas e quatro semanas. Nossas torras geralmente tem um perfil suculento, meio que suco de fruta, com acidez média-alta e corpo leve.

Nossos cafés existem intencionalmente em quantidades limitadas. Não é jogada de marketing — algo que me incomoda profundamente no mercado brasileiro, onde "edições limitadas" aparecem toda semana e tudo é "exclusivo". Nossa limitação é real: uso um torrador de prova com baixa capacidade, sou apenas eu cuidando de todo o processo e dependo de produtores que vendam quantidades pequenas (de 1-3kg).

Essa escolha de não escalar é proposital. Permite experimentar sem medo. Posso, por exemplo, torrar o mesmo café em dois perfis diferentes — um mais ácido e floral, outro equilibrado — e vender como experimento para quem tem curiosidade de comparar como a curva de torra transforma completamente a bebida. É uma forma de educar através da experiência direta.

No final, Mameluca existe porque acredito que precisamos repensar nossa relação com o café. Não como commodity que bebemos no automático, mas como experiência que merece atenção. E isso me leva a uma reflexão maior sobre como consumimos café no Brasil — mas essa é conversa para outro momento.

— Bruno Marinho